No dia 28 de outubro de 2025, o Rio de Janeiro acordou sob o som de helicópteros e rajadas de fuzis. A Operação Contenção, deflagrada pelas polícias Civil e Militar, mobilizou cerca de 2.500 agentes nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte da cidade. O objetivo era claro: conter a expansão territorial do Comando Vermelho (CV), facção que controla 51,9% das áreas dominadas por criminosos no Grande Rio, com um arsenal que inclui fuzis AR-15, granadas e até drones lançadores de explosivos. O resultado? 121 mortes confirmadas – 117 suspeitos com histórico criminal, incluindo líderes como o foragido "Doca", e quatro policiais tombados no cumprimento do dever. Mais de 100 fuzis, uma tonelada de drogas e 81 prisões. Foi a operação mais letal da história do estado, superando o massacre do Jacarezinho em 2021, e um lembrete brutal de que o Rio não é mais uma cidade sitiada por bandidos comuns, mas por um narcoterrorismo urbano que impõe lei marcial em favelas densamente povoadas.
Enquanto famílias de policiais choravam seus heróis – como o agente Rodrigo Velloso Cabral, de 34 anos, morto há apenas dois meses no cargo –, a Globo News optou por um contraponto que beira o surreal. No mesmo dia, o canal exibiu uma entrevista com um de seus "especialistas em segurança pública" do tipo padrão: aparência de hippie, expressão serena de quem talvez tenha fumado um antes de entrar no estúdio. O "maluquete da vez" iniciou sua análise com solidariedade às famílias das "64 vítimas" – sem pausas para distinguir traficantes armados até os dentes dos quatro PMs que caíram defendendo a lei. Seguiram-se as abobrinhas de sempre: a polícia errou feio, há "maneiras não violentas" de lidar com guerrilheiros entrincheirados em comunidades, como se negociações com quem usa drones para bombardear agentes fossem viáveis. É o discurso que ignora o "Muro do Bope", estratégia que encurralou os criminosos na Serra da Misericórdia, ou as barricadas incendiadas pelo CV para escapar.
O que a Rede Globo pretende ao dar espaço a essas pessoas, que ninguém fora das bolhas acadêmicas leva a sério? Não fica claro, mas coisa boa certamente não é. Esses "especialistas" falam do alto de títulos concedidos por pares da turma deles, com ares de superioridade intelectual e moral que se tornam ridículos quando o assunto é a realidade crua das ruas. Eles defendem o indefensável: equiparar heróis da lei a bandidos que aterrorizam 300 mil moradores com tiroteios diários e "arrego" forçado. Durante toda a minha vida adulta, assisti ser esfregada na cara a ilusão de que um diplominha debaixo do braço torna alguém menos ignorante. Hoje, é o oposto: diplomas viraram garantia de desconexão com a vida real. São ensinados a se esconderem atrás de jargões técnicos sobre fatias isoladas da realidade, ignorando o todo sangrento.
Operadores do direito insistem que pedaços de papel são a essência da justiça, enquanto o CV ri e expande seu império. Médicos, durante a COVID, acharam que só opiniões deles importam, como se a pandemia fosse um consultório. Físicos confundem equações com a brutalidade da natureza. Psicólogos diagnosticam "epidemias de superdotados" em um mundo que, há mais de 300 anos, não vê um Leibniz. No Brasil, obcecado por diplomas e carimbos burocráticos, educação e formação técnica viraram sinônimos de elitismo vazio. Hannah Arendt alertou sobre os "intelectuais inúteis" como motor dos totalitarismos, capazes de teorizar abstrações enquanto o caos devora sociedades. Olavo de Carvalho, em sua dissecação do "Imbecil Coletivo" – versão tupiniquim do Intelectual Coletivo gramsciano –, desnudou como esses atores planejam táticas para subverter o real em nome de utopias que beneficiam só eles.
Vivemos, no Brasil de 2025, a ameaça de uma distopia onde os Imbecis Coletivos Inúteis maquinam para tomar o poder, usando a mídia como megafone. A Operação Contenção expõe isso: enquanto o governador Cláudio Castro celebra um "sucesso" que desmantelou células do CV e recebeu apoio de governadores como Ronaldo Caiado e Ratinho Júnior, os "experts" da Globo choram pelas "vítimas" e ignoram os 117 criminosos com ficha suja. Thomas Sowell, em "Os Intelectuais e a Sociedade" (2009), não foi generoso com essa turma: ele os chama de velas que se apagam sozinhas na escuridão, incapazes de iluminar porque nunca tocaram o chão. Sowell é desconhecido na academia brasileira – me atrevo a supor que até na Globo News –, mas sua luz é essencial. O problema é antigo: Maquiavel, o "tão grande nome que nenhum elogio alcança" em sua tumba florentina, era um gênio teórico, mas fracassou miseravelmente na prática. Seu "O Príncipe" brilha no papel, mas na vida real, brilhantismo intelectual raramente doma a brutalidade das ruas.
A lição da Operação Contenção? Não é hora de solidariedade seletiva ou teorias pacifistas contra narcoterroristas. É hora de aplaudir os policiais que arriscam tudo e questionar quem, de terno e gravata, transforma bandidos em mártires. O Rio precisa de mais contenções como essa – e menos "especialistas" que fumam ilusões enquanto o Estado luta pela sobrevivência. Esperemos que o ponto de não retorno não tenha passado. Caso contrário, os imbecis coletivos terão vencido, e o Brasil virará refém de seus próprios intelectuais.

Nenhum comentário:
Postar um comentário