A repressão ao desejo sexual, em especial ao desejo heterossexual masculino, tem ganhado novos contornos no século XXI. Mas ao contrário do moralismo conservador de outrora, hoje o ataque vem travestido de progresso, inclusão e justiça social. E os alvos agora são, paradoxalmente, o homem mediano e a mulher bonita.
Tomemos como exemplo o recente caso da atriz Sydney Sweeney, que protagonizou uma campanha publicitária da marca American Eagle. Em um vídeo simples, com 30 segundos de duração, a atriz aparece vestindo jeans e encarando a câmera. O resultado? Um crescimento imediato de mais de 200 milhões de dólares na capitalização da empresa. Porém, o sucesso financeiro foi acompanhado por uma onda de ataques virtuais — não por incompetência artística ou falta de ética, mas por simplesmente ser “gostosa”.
A atriz foi chamada de “piranha”, “chaveirinho de incel”, “loira nojenta” e até de inimiga da liberdade do corpo feminino. O motivo? Representar exatamente aquilo que por décadas foi celebrado na publicidade: a beleza. Mulheres criticando outras mulheres por serem sensuais, militantes acusando uma atriz de destruir valores por exibir o próprio corpo, e uma militância que, sob o pretexto de “desconstruir padrões”, parece desejar destruir qualquer referência ao que é tradicionalmente atraente.
Esse fenômeno, que alguns já chamam de “gostosofobia”, revela um paradoxo: a liberdade pregada por essas vozes não inclui o direito de ser bela, sensual ou desejada, caso você não siga uma agenda específica. Se uma mulher gorda, trans ou negra sexualiza sua imagem, isso é empoderamento. Mas se uma mulher magra, loira e cis faz o mesmo — especialmente se for hétero — então é opressão.
O cenário se repete no universo dos videogames. Em julho de 2025, a Steam, maior plataforma de jogos para PC do mundo, atualizou suas políticas para atender às exigências de processadores de pagamento como Visa e Mastercard, que passaram a vetar jogos que não se alinhem aos “padrões sociais” definidos por grupos militantes, como o Collective Shout, da Austrália.
Mais de 400 jogos foram banidos, a maioria com estética ou temática japonesa, onde personagens femininas sensuais são comuns. Criadores como Yoko Taro (de NieR: Automata) e influenciadores como MoistCr1TiKaL e Asmongold se posicionaram contra a censura, alegando que estão tentando impor regras culturais ocidentais sobre países inteiros. Uma nova cruzada puritana contra a sexualidade ficcional, alimentada por uma hipocrisia flagrante.
Porque, veja bem: se uma personagem voluptuosa em um RPG japonês é “inaceitável”, por que produções ocidentais como 365 Dias ou 50 Tons de Cinza continuam sendo celebradas? Por que o OnlyFans, onde o erotismo é real e comercializado, é amplamente tolerado, enquanto bonecos digitais de anime geram pânico moral?
A resposta talvez esteja no alvo: a repressão moderna não está preocupada com o conteúdo, mas com quem está consumindo e como. Homens comuns — não modelos, não ativistas, não engajados — que ainda se sentem atraídos pelo que a biologia sempre os fez sentir. Esses são os novos pecadores. São chamados de tóxicos, retrógrados, incels. Querem bani-los do direito ao prazer.
E assim, sob a bandeira do progresso, estamos assistindo ao nascimento de uma anti-heterossexualidade institucionalizada — não como conceito médico, mas como narrativa ideológica. Um mundo onde o desejo heterossexual precisa pedir desculpas para existir, e a ficção precisa ser aprovada por comitês de moral pública antes de ser vendida.
Em vez de educar para o consumo responsável e respeitoso da arte e da sexualidade, impõe-se um filtro artificial do que pode ou não ser desejado. Um moralismo de esquerda, travestido de virtude, mas tão repressivo quanto qualquer conservadorismo religioso do passado.
A pergunta é: até quando? Quantas Sydneys, quantos criadores de jogos, quantos homens medianos serão cancelados, rotulados, apagados? Não porque cometeram crimes, mas porque ousaram sentir, criar ou gostar do que a maioria — silenciosa — ainda aprecia.
Os vídeos abaixo foram utilizados para a criação desse artigo: