Aviso: esta postagem tem revelações do enredo (Spoilers).
Olá amigos: mais uma vez venho com uma nova sessão para o meu blog. É mais uma das minhas tentativas de tentar criar algo novo por aqui; trazer a tona discussões que eu vejo que seriam relevantes e que não são tocadas por muitos com um outro olhar. Hoje amiguinhos vou analisar o caso sobre o preconceito de Zootopia e como ele é tratado pelo longa animado.
Só um resuminho da história para quem não acompanhou o longa. O mundo era dividido entre predadores e presas que superaram suas diferenças naturais e resolveram criar uma nova sociedade chamada Zootopia onde dão oportunidades a todos. A coelha Judy, ao chegar a fase adulta, sai da fazenda de seus pais para realizar seu sonho: ser uma policial; depois de dar duro, consegue se tornar uma policial e quer provar seu valor dentro da cidade, porém as coisas não são bem como ela esperava.
A introdução tem a função de apresentar esse universo, e este servir como base para o assunto que o autor quer tratar: o preconceito que supostamente existe entre presas e predadores, porém estamos lidando com animais antropomórficos e o autor no longa parece se preocupar demais com que eles tenham comportamentos como os animais do universo real.
Aí que temos uma falha no filme: ele menciona sobre o conflito presas e predadores, mas não aponta a solução final. A criação de uma cidade onde a regra é que todos os animais convivam em harmonia é simplista e substituir suas rotinas de caça e obtenção de comida por profissões encontraria problema para os predadores, já que estes se alimentam de carne pra sobreviver e seus organismos são biologicamente preparados pra isso. É um furo tremendo do longa não definir algo mais substancial para a criação dessa sociedade, mesmo que se trate de um filme com forte apelo infantil.
Outro ponto problemático é o que é chamado de preconceito dentro do universo de Zootopia: o medo que as presas tem de seus predadores e suas habilidades são formas de proteção para elas. Isso é bem claro quando é mencionado na peça de teatro na época em que os animais eram selvagens. Em um determinado momento do filme a personagem questiona e cogita a possibilidade dos predadores se voltarem contra as presas e sua atitude é tratada como criminosa; durante esse momento vemos uma vitimização exagerada de Nick perante a sua amiga.
Aqui nesse ponto podemos fazer um comparativo com o mundo real: a questão dos refugiados Islâmicos e a imposição social e midiática que se faz em cima dos países vizinhos que sejam obrigados a aceitar, enquanto outros países da cultura deles os rejeitam e onde eles são recebidos de bom grado causam tumulto e destruição com atos terroristas. Claro que uma pessoa vinda de uma cultura que não se ajusta a sociedade ocidental vai causar receio, não é porque é preconceito ou uma fobia irracional.
Pra finalizar, o filme trata o caso dos predadores atacando presas devido a uma droga alucinógena utilizada pela vice prefeita que conspira afim de criminalizar os predadores (como se eles não fossem sempre capazes disso na lógica). Um argumento simplista pra algo que se preocupava em manter uma coerência com o mundo real; a questão poderia ser muito melhor explorada.
No final Zootopia acabou refletindo o mundo de hoje: com conflitos feitos de uma forma que nem sempre é honesta; ativismo sendo feito a favor de uma causa sem pensar de uma maneira crítica e racional sobre ela. O longa não consegue mostrar o que é preconceito de forma efetiva: só causa um desserviço ao pensamento crítico e racional sobre o tema. Uma pena, porque as ideias eram boas.