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07 outubro 2025

Margot Robbie: O Contraditório Equilíbrio entre Feminismo, Sensualidade e Hollywood

 


Margot Robbie é, sem dúvida, uma das figuras mais influentes de Hollywood na última década. Desde sua ascensão meteórica em O Lobo de Wall Street (2013) até o fenômeno global de Barbie (2023), a atriz australiana consolidou-se como uma estrela versátil, capaz de transitar entre papéis dramáticos, cômicos e até de ação. No entanto, sua trajetória também levanta questionamentos sobre a coerência de seu discurso feminista, especialmente quando confrontado com a sensualidade frequentemente explorada em seus papéis e a narrativa de empoderamento que ela defende. O recente trailer de O Morro dos Ventos Uivantes (previsto para 2026) reacende esse debate, expondo contradições que ecoam em um feminismo que, por vezes, parece tão rígido quanto os movimentos conservadores que critica.





O Fenômeno Barbie e o Discurso Feminista


Em 2023, Barbie, dirigido por Greta Gerwig, tornou-se um marco cultural. Além de ser um sucesso comercial, com mais de um bilhão de dólares em bilheteria, o filme trouxe uma mensagem clara de empoderamento feminino, desafiando estereótipos e promovendo a força das mulheres. Margot Robbie, como protagonista e produtora, foi a face desse projeto, que parecia alinhado com sua crescente defesa pela representatividade feminina em Hollywood. O filme foi celebrado por muitos como um manifesto feminista moderno, ainda que com momentos de didatismo que dividiram opiniões.

No entanto, apenas dois anos depois, o trailer de O Morro dos Ventos Uivantes, adaptação do clássico de Emily Brontë, apresenta uma Margot Robbie em cenas carregadas de erotismo e objetificação, contrastando diretamente com o discurso de Barbie. A pergunta que surge é: onde está o feminismo que Robbie tanto defende? Como conciliar sua crítica à objetificação com papéis que exploram sua sensualidade de maneira explícita?

A Ascensão de Margot Robbie: Beleza como Moeda de Troca?

Desde O Lobo de Wall Street, dirigido por Martin Scorsese, Margot Robbie foi catapultada à fama não apenas por seu talento, mas também por sua beleza. O filme, embora aclamado, colocou a atriz em um papel que priorizava sua sensualidade, algo que se repetiu em projetos subsequentes, como Esquadrão Suicida (2016), onde sua Arlequina foi significativamente mais sexualizada do que a personagem original dos quadrinhos. Esse padrão levanta duas hipóteses sobre sua carreira:


  • Aceitação Estratégica: No início de sua trajetória, Robbie pode ter visto a objetificação como um preço a pagar para consolidar sua carreira. Hollywood, afinal, é conhecida por favorecer atrizes que se encaixam em padrões de beleza específicos, e Robbie, com seu carisma e aparência, soube capitalizar isso.
  • Pragmatismo Profissional: Mesmo que desconfortável com a objetificação, ela aceitou papéis que exploravam sua sensualidade para abrir portas a oportunidades maiores. Esse pragmatismo é comum na indústria, onde atores e atrizes muitas vezes precisam fazer concessões para alcançar papéis mais substanciais.

  • Com o sucesso de Arlequina, Robbie ganhou poder em Hollywood, o que lhe permitiu escolher projetos mais alinhados com seus valores. Filmes como Duas Rainhas (2018) e Eu, Tonya (2017), pelo qual foi indicada ao Oscar, mostraram sua versatilidade e compromisso com papéis mais complexos, onde sua sensualidade não era o foco. Além disso, ela passou a trabalhar com diretoras e roteiristas mulheres, reforçando seu ativismo pela igualdade de gênero na indústria.




  • A Contradição: Feminismo versus Objetificação


  • Apesar de seu discurso contra a objetificação, Margot Robbie continuou a aceitar papéis que, em maior ou menor grau, exploram sua imagem. Em Esquadrão Suicida, ela revelou em entrevistas que o figurino de Arlequina a deixou desconfortável, mas justificou sua escolha, argumentando que a sensualidade fazia parte da essência da personagem. No entanto, a adaptação cinematográfica da vilã foi mais sexualizada do que sua contraparte original nos quadrinhos, o que sugere uma decisão criativa que priorizou o apelo visual em detrimento da fidelidade à fonte.


  • Essa tensão culminou em Aves de Rapina (2020), filme no qual Robbie também atuou como produtora. O projeto prometia ser um marco de empoderamento feminino, mas acabou sendo criticado por sua execução. O visual de Arlequina foi menos sensual, mas a narrativa priorizou a personagem de Robbie em detrimento das outras heroínas, transformando o que deveria ser um filme de equipe em um veículo para sua visão de Arlequina. A mensagem de empoderamento, embora presente, foi ofuscada por um roteiro fraco e escolhas criativas questionáveis, resultando em um fracasso comercial e crítico.





    O Morro dos Ventos Uivantes: Um Retrocesso?


    O trailer de O Morro dos Ventos Uivantes, dirigido por uma mulher e com Robbie como produtora e protagonista, surpreendeu ao adotar uma abordagem que  prioriza o erotismo. A adaptação do romance de Emily Brontë, conhecido por explorar um amor tóxico, mas não particularmente sensual, aparece no trailer com cenas que remetem a produções como Cinquenta Tons de Cinza. Essa escolha é especialmente intrigante, considerando que Robbie teve controle criativo sobre o projeto. Por que, após anos criticando a objetificação, ela optou por um papel que parece reforçar exatamente o que ela diz rejeitar?


    A ironia é ainda maior quando consideramos que o filme é baseado em uma obra escrita por uma mulher no século XIX, em um contexto muito mais conservador. A decisão de sexualizar a narrativa parece contradizer não apenas o discurso feminista de Robbie, mas também a essência do material original. Isso levanta a questão: o feminismo de Margot Robbie é genuíno ou apenas uma ferramenta de marketing que se adapta conforme a conveniência?


    Feminismo em Hollywood: Uma Narrativa Frágil?


    O caso de Margot Robbie reflete uma tensão maior dentro do feminismo contemporâneo em Hollywood. Por um lado, a defesa por maior representatividade e papéis mais profundos para mulheres é válida e necessária. Por outro, a forma como essa pauta é aplicada muitas vezes resulta em narrativas forçadas, que sacrificam a qualidade artística em nome de mensagens ideológicas. Filmes como Aves de Rapina e As Marvels (2023), estrelado por Brie Larson, outra defensora da causa feminista, são exemplos de projetos que priorizam a agenda em detrimento de histórias envolventes, alienando parte do público.

    Curiosamente, essa abordagem rígida e polarizadora do feminismo em Hollywood pode acabar parecendo tão dogmática quanto os movimentos conservadores que critica. Enquanto os conservadores historicamente impuseram restrições morais à sexualidade e à expressão feminina, certos movimentos de esquerda, ao condenarem a heterossexualidade e a sensualidade como inerentemente opressivas, correm o risco de adotar uma postura igualmente restritiva. Nesse contexto, os conservadores, ao defenderem a liberdade de expressão artística, podem paradoxalmente parecer mais liberais.





    O Talento de Margot Robbie e a Busca por Legitimidade


    Apesar das contradições, não se pode negar o talento de Margot Robbie. Sua capacidade de transitar entre papéis tão diversos quanto a Arlequina, Tonya Harding e a Barbie demonstra uma versatilidade rara. No entanto, sua insistência em um discurso feminista que nem sempre se alinha com suas escolhas profissionais sugere uma tentativa de equilibrar a busca por legitimidade artística com as demandas de uma indústria que valoriza a imagem acima de tudo. 

    Robbie parece querer tudo: a fama, o dinheiro e a respeitabilidade de uma ativista. Mas, ao oscilar entre papéis que celebram sua sensualidade e discursos que a condenam, ela expõe a fragilidade de um feminismo que, em Hollywood, muitas vezes se rende às pressões comerciais. O trailer de O Morro dos Ventos Uivantes é apenas o exemplo mais recente dessa contradição, sugerindo que, no final das contas, o feminismo de Robbie é tão moldado pelas exigências do mercado quanto pela convicção pessoal.


    Um Reflexo de Hollywood


    Margot Robbie é um espelho das complexidades e contradições de Hollywood. Sua carreira ilustra como o talento e a beleza podem abrir portas, mas também como as pressões da indústria moldam escolhas aparentemente incoerentes. Seu feminismo, embora bem-intencionado, muitas vezes parece mais performativo do que consistente, refletindo uma indústria que adota causas progressistas sem abandonar suas práticas comerciais tradicionais. Enquanto Robbie continua a brilhar nas telas, sua trajetória nos lembra que, em Hollywood, a linha entre empoderamento e objetificação é mais tênue do que gostaríamos de admitir.

    Fiquem com o Trailer da nova produção no qual ela atua e produz:




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