04 agosto 2025

Censura Econômica e o Fim da Liberdade nos Videogames

Quando até o seu cartão se torna uma mordaça.

Bem, eu imagino que você já deva saber o que está acontecendo, né? A respeito de um certo joguete de chantagem, manipulação e censura financeira em cima de videogames, a partir de certas financeiras — ou seja, bandeiras de cartão de crédito.

Muitas vezes o único caminho viável para comprar jogos em plataformas virtuais acaba sendo sabotado em mais um desdobramento da tal hipocrisia industrial, que desagua muito mais no consumo de videogames do que em muitas outras obras. Já falei disso várias vezes aqui em vídeos de opinião, e sempre aparece algum imbecil dizendo que eu tô exagerando, que sou louco, conspiracionista.

Claro, sempre tem também um ou outro debiloide: “Ah, mas esses negócios de anime, conteúdo adulto, é coisa de depravado, de gente doente.” Sempre aparece um babaca pagando de moralista, né? Enquanto na intimidade testa vibração de joystick desde o primeiro DualShock — eu tô ligado.

Mas enfim, esse não é o ponto. O ponto é que entretenimento adulto não inclui apenas erotismo — que você tem o completo direito de consumir, ao menos devia. Muitos grandes artistas passaram, de alguma forma, por algo considerado “adulto”: jogos, filmes, livros, quadrinhos violentos, bizarros, eróticos.

Esse tipo de obra oferece um ambiente de desenvolvimento criativo onde o artista cria livremente, sem pressão. Por isso tantas grandes histórias da ficção são de classificação adulta. Não porque toda obra adulta é incrível, mas porque o reprovável por falsos moralistas é um campo fértil para começar a criar, mesmo com pseudônimos, como tantos escritores já fizeram.

Essa, meu amigo, é a magia da liberdade. Crescemos acreditando que liberdade de escolha era uma conquista. Que ao ser adulto, você teria o direito de decidir o que consumir, ler, assistir, jogar. Que bastando algum dinheiro no bolso, o mundo estaria ao alcance de um clique.

Aí começa o bloqueio. Não o bloqueio institucional com juízes e polícia. Não uma censura estatal. Mas o cursor travando quando você tenta comprar um jogo na Steam. Talvez um jogo adulto, legalmente vendido, com classificação indicativa, descrições honestas — o tipo de conteúdo que você não só tem o direito de consumir, mas que faz parte da pluralidade cultural.

Por trás da recusa está uma articulação silenciosa entre empresas de cartão de crédito e grupos moralistas, fazendo processadoras banirem jogos considerados “problemáticos”. O problema é: quem decide o que é problemático?

Esse tipo de entretenimento é o último bastião da liberdade. Quando ele é atacado, todo o resto pode ser relativizado. Qual o próximo passo?

Steam e operadoras de cartão estão dobrando o joelho à moral fabricada. Jogos foram deslistados, desenvolvedores silenciados, e você ficou com a sensação desconfortável de que algo escapou do seu controle: sua liberdade de escolha.

O que acontece com os jogos adultos na Steam não é um caso isolado. É um modelo em expansão. Uma forma de controle mais insidiosa, mais eficiente, mais covarde. Chama-se censura econômica.

O truque é engenhoso. Não se discute se o conteúdo é legal ou válido. A questão é se os intermediários querem associar sua marca àquilo. Com uma linha de código, empresas como Visa, Mastercard, PayPal, Stripe te impedem de adquirir algo.

Nenhuma lei é violada. Nenhum escândalo estoura. Apenas uma atualização nos termos de serviço que ninguém leu. Essa é a nova censura: não há guerra, apenas a torneira fechada. Quando o povo é gado, não precisa tanque de guerra.

E, claro, isso não é cuidado. Isso é poder. Um poder covarde que censura sem se comprometer, que impõe silêncio sem gerar manchete. Quem controla o fluxo de dinheiro controla o que pode existir no mercado — e decide o que é cultura.

Enquanto isso, apostas online, loot boxes, microtransações abusivas continuam firmes, mesmo explorando crianças e vulneráveis. Mas um jogo adulto com narrativa, uma visual novel de estúdio indie? Criminoso!

O jogo só permanece se for domesticado, higienizado, adequado ao padrão moral flutuante. Isso não é proteção. Isso é opressão.

A censura moderna não proíbe. Ela desaparece com o conteúdo. E é isso que a torna perigosa. Porque o consumidor médio ainda acredita que é dono da própria carteira. Mas não é.

O que está em jogo é a sua autonomia. Seu direito de consumir cultura adulta, de acessar histórias densas, complexas, ousadas. De decidir o que vale ou não seu tempo e seu dinheiro.

A GOG deu o contra-ataque. Em uma ação política, lançou a campanha Freedom to B, liberando 13 jogos adultos de graça por 48 horas. Não era sobre lucro. Era sobre mensagem.

Jogadores começaram a se organizar. Boicotes. Petições. Pressionar operadoras com telefonemas, comentários públicos. A luta é longa, porque o sistema é fechado. Tudo se encaixa. Tudo se protege sob a máscara da moderação e da segurança.

Você só queria jogar um título adulto no fim de semana e foi arrastado para uma guerra cultural. As plataformas dizem estar “seguindo diretrizes”. Os grupos moralistas se dizem preocupados. Mas ninguém diz quem criou essas regras.

Tudo isso é eficaz porque ninguém assume responsabilidade. O que está em jogo não é pornografia ou violência — é liberdade de expressão artística.

Videogames são hoje a maior indústria de entretenimento do planeta. Mas continuam tratados como parque infantil. A arte se expande, mas só até onde os bancos deixam.

Você pode dirigir, se casar, ser preso, mas não pode comprar um jogo que desafia convenções. Porque alguém, em algum lugar, achou que isso poderia dar problema.

Essa partida não é na tela. É na sua mente. Contra a escravização da sua alma. Contra o cerceamento da sua liberdade.

Não aceite calado. Denuncie. Questione. Faça barulho.

Não é sobre sexo, violência, ou pornografia. É sobre autonomia.
É sobre não permitir que uma bandeira de cartão decida o que você pode sentir, pensar ou criar.

Fonte: Censura nos Games do canal Baião Games.


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