A contradição que ninguém quer discutir.
Quando a empatia vira conivência?Até onde vai a responsabilidade individual quando tudo é atribuído ao “sistema”?É possível defender justiça social sem cair na romantização do crime?
A discussão ficou emocional, polarizada e, pior ainda, cheia de contradições.
E o que poucos percebem é que essa virada não começou na política — começou na cultura pop, especialmente quando passamos a reescrever vilões como vítimas.
O caso mais emblemático?
Elphaba, a Bruxa Má, transformada em heroína no musical Wicked.
A era dos vilões “inocentes”: quando o mal deixou de ser mal
A lógica passou a ser:
“Se existe um vilão, deve existir um trauma que justifique cada ato dele.”
O resultado?
O mal deixa de ser maligno.
O criminoso deixa de ser culpado.
O herói vira cúmplice da ordem opressiva.
Essa mudança não é trivial — ela moldou uma geração inteira a enxergar o mundo pela ótica da vítima como centro moral absoluto.
E é aí que entra Elphaba.
Wicked: a história que virou chave na cabeça de milhões
Em Wicked, ela é uma jovem discriminada, rejeitada, vítima de injustiças estruturais.
A vilania vira efeito da sociedade.
Preconceituada por sua aparênciaSilenciada pelo governoTraída por amigosCaçada por tentar expor um sistema corrupto
O público, naturalmente, torce pela vilã e passa a ver os “heróis” como tiranos.
Essa releitura mexeu profundamente com a sensibilidade moderna:
Se até a Bruxa Má era só uma vítima, então quem mais na vida real pode ser “vilão por engano”?
Quando o criminoso vira “a Elphaba do mundo real”
o crime passou a ser explicado antes de ser condenadoo criminoso virou produto da desigualdadeo indivíduo virou menos responsávela sociedade virou mais culpada
Ou seja:
A narrativa substituiu a moral
vs.
suspeição crescente sobre o cidadão comum “obediente”.
Ser “law-abiding” virou motivo de crítica, como se seguir regras fosse automaticamente apoiar injustiças sistêmicas.
A problematização que ninguém quer encarar
expor desigualdades históricascombater simplificaçõesincentivar políticas de prevenção, não só punição.
Mas também produz efeitos colaterais graves:
empatia seletiva que exclui vítimas reais de crimes
inversão moral, onde agressor vira “resistente” e cidadão vira “culpado”
infantilização do indivíduo, tratado como incapaz de escolhas
erosão da responsabilidade, essencial para qualquer sociedade
No limite, defendendo tanto o criminoso, corre-se o risco de desumanizar quem sofre as consequências do crime.
Essa contradição raramente é admitida por medo de ser rotulado como “insensível”, “reacionário” ou “anti-justiça social”.
Queremos justiça… ou uma boa história?
A moral de Wicked é perigosa quando aplicada sem limites:
“Todo vilão é uma vítima, então toda vítima pode ser um herói.”
Mas a vida real não é um musical.
Nem toda pessoa que faz o mal é fruto apenas de trauma.
E nem toda pessoa que segue a lei é cúmplice de opressão.
O desafio da sociedade atual é equilibrar empatia e responsabilidade, sem cair na ficção confortável de que basta culpar o sistema para resolver dilemas morais complexos.
A pergunta que resta é:
Estamos defendendo justiça real… ou apenas buscando narrativas emocionantes que nos façam sentir virtuosos?
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