08 agosto 2016

[Crítica do Koi] O Bom Dinossauro.


Pixar pra mim sempre foi sinônimo de surpresa e qualidade: mesmo aqueles filmes que não eram tão bons ou continuações que iam no embalo de ideias já apresentadas fazia uma certa questão de acompanhar. Apesar de alguns desapontamentos, sempre fiz o possível para prestigiar a empresa. Só que sempre vem aquele questionamento: quando a empresa vem e entrega algo muito aquém de sua qualidade? O Bom Dinossauro seria a resposta daquilo que nós fãs tememos: o desapontamento.

Bom Dinossauro ou Dinossauro Medroso?


Aqui acompanhamos uma narrativa se passando numa acontecimento alternativo: o meteoro que chocaria em nosso mundo e causaria a extinção dos dinossauros acaba mudando sua rota e fazendo com que o ambiente mudasse: agora temos um universo dominado por dinossauros antropomórficos que conseguiram se socializar e dominar atividades humanas como a agricultura.


Nesse ambiente bucólico conhecemos Henry e Ida, dois Apatossauros agricultores e seus filhos Bucky, Libby e Arlo (que nasce miúdo de um ovo enorme). Desde jovens os 3 filhos ajudam na fazenda e todos aqueles que se destacam por algo dentro daquelas tarefas domésticas ganham marca no silo da fazenda. Bucky e Libby conseguem deixar as suas, sendo que Arlo...


Este não consegue se destacar em nenhum dos afazeres do lugar. Ele é medroso, atrapalhado e parece pouco motivado a trabalhar com os pais na fazenda, esse é o grande problema: ele é vazio sem nenhuma característica marcante. É praticamente impossível gostar de um personagem assim.

E não adianta me olhar com essa cara, viu.

O filme todo Arlo parece que não evolui como personagem: nem mesmo depois que seu pai morre após a caçada do menino que se comporta como cachorro que vive comendo a colheita de sua família. Dai por diante segue a história: Arlo e sua família passam dificuldades em continuar os afazeres da fazenda e o desajeitado Apatossauro continua sendo o mesmo até que encontra o menino cachorro. Em um impulso de raiva, ele persegue o menino e os dois caem na água indo parar quilômetros dali.


Aí quando você acha que o troço vai finalmente andar: "Arlo vai se mancar e vai amadurecer como personagem". Banho de água fria: você tem uma narrativa tediosa entre Arlo e Spot (nome dado pelo peronafem ao menino cachorro), com o desejo do primeiro em somente voltar pra casa. Ele até encontra outros dinossauros pelo caminho, tem uma rixa com uns Pterodáctilos, porém nada marcante e que ajude a evolução do mesmo. E a família dele fica praticamente esquecida o resto da película. O que aconteceu com eles? Ele fazia falta dentro dos afazeres da fazenda? Os irmãos conseguiram dar conta das tarefas do pai? Fica um buraco que me incomodou.

O pior mesmo pra mim foi o final feito nas coxas: o personagem corre feito um assustado para a mãe e ganha sua marca no silo. Você não entende porque ele ganhou o direito da marca: por ter voltado pra casa e sobrevivido a uma aventura você pode até dizer, mas isso iria contra o que significava a marca no silo (ser bom em alguma função da fazenda).

O filme é uma sequência de falhas como um todo: na narrativa, na construção de personagem e numa lição de moral. É Pixar, me desapontou pra valer.

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